Fulvio Stefanini em “O Pai”

A Comédia Dramática O Pai,
Fulvio Stefanini  se apresenta na peça O Pai nas cidades de Piracicaba 11/08 e 12/08, Araras 13/08, Botucatu 25/08,  Bauru 26/08 e Marília 27/08.

SINOPSE

O Pai, texto do francês Florian Zeller, que se espalhou como fogo na Europa e nos EUA, em montagens muito bem-sucedidas. Na Inglaterra, a peça foi eleita a melhor do ano pelo jornal The Guardian e na França abocanhou dois troféus Molière nas categorias melhor atriz e ator. “O espetáculo possui esse tema comum das relações familiares, que faz parte de todos nós, de quem está na situação do pai, mas também da família que cuida, e dos filhos”, explica Fulvio. “Mas há uma grande sacada”, aponta. “A plateia vê a história pelos olhos do velho.”

Recentemente, o ator foi assistir à versão argentina com o filho mais novo, Leonardo, que dirige o pai na montagem. Há, ainda, uma adaptação em cartaz nos cinemas. O texto original, um misto de comédia e drama, acompanha a vida de um homem com idade avançada e cuja memória começa a vacilar. “Não fica claro que tipo de doença ele tem”, conta Fulvio. “Mas é o que todos dizem para ele.” A casa em que vive é constantemente frequentada pela filha e a cuidadora do homem, além de algumas figuras um tanto misteriosas. “São sujeitos que ele não sabe muito bem por que estão lá. O velho chega a questionar, mas os outros o ignoram.” Leonardo ressalta que há na peça um dos componentes do gênero thriller, pouco usual no teatro. “As falhas na memória vão alimentando esse suspense, diante dos olhos da plateia. E com uma grande virada no fim”, garante o diretor.

O constante estado de confusão do personagem não tem nenhuma semelhança com Fulvio que aos 76 anos é o protagonista mais jovem, entre as demais montagens. Para o ator que já foi elogiado por Jorge Amado pela interpretação de seu Tonico Bastos, em Gabriela, Cravo e Canela, Fulvio conserva a memória viva, com histórias na ponta da língua acompanhadas de boas gargalhadas que descrevem o seu prazer nesses 60 anos de palco, televisão e cinema. E sem esquecer dos telefones e coincidências.

Ele recorda de outro episódio no qual se preparava para apresentar um recital ao lado do ator Walmor Chagas. Um dia antes, o colega de palco deixou o sítio em Guaratinguetá e se encaminhou para a casa de Fulvio. Enquanto ensaiavam, o telefone tocou. “Era a Cacilda Becker”, diz Fulvio. “E adivinha quem ela estava incansavelmente procurando? O Walmor.” A parceria dos três atores mais Lilian Lemmertz foi o que alavancou a carreira de Fulvio, em Quem Tem Medo de Virgínia Wolf, que estreou em 1965, peça montada simultaneamente na Broadway.

E quando Leonardo nasceu, essa rotina de trabalho do pai nos palcos era acompanhada por toda a família. “A gente enfrentava uma temporada de terça a domingo, sem reclamações”, diz Fulvio. “E eu fui criado tomando leite na mamadeira lá na coxia”, conta o diretor que recorda o aviso da mãe, Vera, de que a peça ia começar. Desde então, os dois ainda não tinham trabalhado juntos. Bom, não desde o início desse projeto, pois Fulvio substituiu um ator na comédia Não Sou Bistrô, encenada em 2015, cujo personagem principal era um estressado chef que após um infarto precisou se aposentar, mas antes precisava encontrar um jovem que herdasse sua marca.

No elenco ainda estava Fulvio Filho, o mais velho. “Meu pai tinha visto a peça muitas vezes. E topou entrar no elenco. Ele já tinha as falas decoradas e em dois ensaios tudo estava resolvido”, conta Leonardo. O que eles não esperavam, só ia acontecer na estreia. “Eu tinha tudo na cabeça”, conta Fulvio. “Mas depois de uma fala minha, não tinha mais ideia do que fazer em seguida”, recorda. Se cada ator arruma seu próprio jeito de resolver os brancos em cena, Fulvio tomou a decisão que lhe pareceu mais sensata. “Fui saindo do palco, em direção a coxia.” Mas como um ator nunca está sozinho no palco, logo apareceu um salvador. “Por quê o senhor não se senta nessa cadeira?”, um ator lhe perguntou. “Eu só tive tempo de concordar e me sentar aliviado.”